Kvyat ainda pensa em voltar para a Fórmula 1

Parece um pouco como se estivesse voltando ao básico. Na parte de trás dos boxes, há uma mesa pequena e frágil, com cadeiras igualmente esfarrapadas ao lado. Há pouco brilho e glamour na garagem; este é o automobilismo fora da Fórmula 1. Esse é o novo mundo de Daniil Kvyat, que se sentou nessa mesinha. Antes um talento promissor do programa de pilotos da Red Bull, agora, aos 29 anos, ele parece não ter mais chances na categoria.

Uma batalha constante

"Por um tempo, para ser sincero, depois que saí, por alguns meses eu estava me sentindo bem, e senti que tinha passado um bom tempo lá", revela Kvyat durante uma entrevista exclusiva ao GPBlog. "A Fórmula 1 é uma luta constante, muita pressão também, de certa forma, não pressão, mas muita coisa, como você disse, muita observação da imprensa, muitas viagens. Às vezes, por muitos anos seguidos, você acha que não é ruim ter um pouco de descanso. Mas agora, é claro, percebo que tem sido um tipo de corrida, e é sempre legal fazer parte da Fórmula 1".

Embora os riscos no WEC e na Fórmula E também sejam altos, eles são diferentes da Fórmula 1. "É claro que há um pouco menos de atenção e não há câmeras da Netflix, essa é a grande diferença, mas no final, aqui você tem que construir relacionamentos, estar no lugar certo, na hora certa".

Voltar à F1?

Olhando para trás, Kvyat não teve sorte. Max Verstappen impressionou tanto na Toro Rosso que a Red Bull optou por colocar o jovem de 18 anos no lugar do russo. Aqueles momentos, pouco antes do Grande Prêmio da Espanha, provaram ser o ponto de virada nas carreiras de Verstappen e Kvyat. O holandês venceu sua primeira corrida naquela ocasião, enquanto que os resultados de Kvyat só foram piorando. Hoje, Verstappen é bicampeão e Kvyat está competindo por vitórias no WEC com a PREMA na classe LMP2.

"Quero dizer, não penso muito nisso", diz Kvyat sobre um possível retorno à Fórmula 1. "Isso faz parte do passado, mas se a oportunidade surgir, por que não? É claro que você não pode recusar, você sabe. Os novatos agora talvez tenham muito mais dificuldade, mas pessoas com experiência, com esse tipo de experiência de pressão na Fórmula 1, é importante".

Hulkenberg como exemplo

Nico Hulkenberg (35) é um belo exemplo nesta temporada de um piloto que comemorou seu retorno ao grid da F1 depois de anos afastado. "Exatamente", responde Kvyat. "Tudo é possível e tudo está em aberto, eu acho. Mas, no momento, estou concentrado em correr aqui. Mas se alguém quiser alguém com experiência em várias equipes na Fórmula 1, sim, estou aberto para discussão. Mas, no momento, meu foco total está aqui".

Kvyat testou recentemente o carro de Fórmula E da NIO. Vários pilotos do WEC combinam seu trabalho em corridas de endurance com a categoria elétrica. "A primeira vez é muito desafiadora, mas os tempos foram competitivos, eu me senti bastante confortável com o carro logo de cara e acho que só queria ter um gostinho disso e sentir do que se trata. Conhecer as pessoas no paddock, então esse era meu principal objetivo".

Um contrato na Fórmula E? Kvyat parece estar interessado. "Quero dizer, é inevitável que você teste e aprenda, que conheça pessoas. A equipe, por exemplo, para a qual eu pilotei, é uma discussão, estou aberto a uma discussão, é claro, e as corridas aqui geralmente não entram em conflito, então poderia ser algo, poderia ser uma possibilidade".

Embarque na Lamborghini

O que é certo é que Kvyat pilotará um hipercarro na próxima temporada. Ele se comprometeu com o novo projeto da Lamborghini, que também contratou Romain Grosjean. "O projeto é muito, muito forte, muito dedicado, parece que há muitas pessoas diferentes envolvidas nele, acho que parece ótimo e vamos fazer o possível para que dê tudo certo. É verdade, talvez o caminho possa ser difícil. É claro que o objetivo é sempre tentar chegar o mais alto possível na ordem de classificação. Você não pode começar com a mentalidade de que o carro simplesmente estará lá em cima. Não, temos que ser humildes, mas estamos aqui para obter um bom resultado".